Futuro da Educação

Neurociência da aprendizagem: como melhorar o aprendizado

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neurociência da aprendizagem

Você sabia que 85% do sucesso no trabalho depende das habilidades pessoais bem desenvolvidas, enquanto apenas 15% depende de habilidades técnicas? Reconhecendo seu valor, as empresas investem muito dinheiro (mais de US$ 200 bilhões em todo o mundo) em soluções de treinamento de soft skills, mas não são tão eficazes quanto os programas de aprendizado implementados para hard skills. Por quê? A resposta pode ser encontrada examinando a neurociência da aprendizagem. 

Ela tem auxiliado os líderes de T&D a compreenderem a mente humana e também a entender como o cérebro de um indivíduo funciona ao entrar em contato com novas informações e aprendizados. Mas, afinal, como ela pode ajudar na educação corporativa?

Para responder esta pergunta, vamos explorar o cérebro com Todd Maddox, cientista de aprendizagem e pesquisador da Amalgam Insights. Continue acompanhando a leitura!

Antes de tudo, o que é neurociência?

Antes de abordarmos os estudos de Todd Maddox, precisamos entender o que é a neurociência. A neurociência é uma área que estuda o sistema nervoso, procurando entender o seu funcionamento, estrutura e desenvolvimento. Esse sistema é capaz de controlar todo o nosso corpo e as nossas reações.

Mas, qual a sua ligação com a educação? Basicamente, todas as experiências e a maneira como os indivíduos reagem a elas, afetam o cérebro. Assim, a neurociência tem relação com a inteligência, a capacidade de tomar decisões, entre outros fatores importantes para os colaboradores de uma empresa. Por isso, quando ela é relacionada à aprendizagem, refere-se aos processos de nível cognitivo, que é a forma como o ser humano adquire conhecimento por meio dos seus sentidos, e assim, impacta diretamente seus comportamentos, interações, desenvolvimento intelectual, etc.

Todd Maddox e a neurociência da aprendizagem

Todd Maddox conduziu extensos estudos em psicologia e neurociência para nos ajudar a entender como o cérebro aprende. Levando em consideração o funcionamento interno do cérebro, os departamentos de T&D podem desenvolver soluções mais eficazes para suas necessidades de treinamento de soft skills.

Contudo, nem sempre essa é a realidade do T&D. Como citamos anteriormente, os treinamentos que promovem as hard skills estão à frente e são percebidos como mais eficazes. Para mudar esta situação, precisamos entender melhor o cérebro humano e como ele reage aos processos de aprendizagem. É o que veremos nos próximos tópicos, continue acompanhando!

Como a neurociência compreende o processo de aprendizagem?

Segundo Maddox, o cérebro depende de três sistemas de aprendizado diferentes: 

Cada sistema opera em uma parte diferente do cérebro. Além disso, cada sistema é conectado para aprender um conjunto diferente de habilidades: ‘O que’, ‘Como’ e ‘Sentir’. Veja abaixo.

1. O sistema cognitivo – o ‘O que’

O sistema cognitivo é composto das seguintes características:

2. O sistema comportamental – o ‘Como’

Agora, confira abaixo as características do sistema comportamental:

3. O sistema emocional – o ‘Sentir’

Por fim, veja as características do sistema emocional:

Neurociência da aprendizagem: conhecimento vs. habilidades comportamentais

O conhecimento técnico está sempre mudando, e o departamento de T&D precisa adaptar seus programas de treinamento para atender às necessidades relevantes da empresa. É difícil saber o que realmente o futuro reserva para o desenvolvimento de hard skills. As soft skills, por outro lado, são sempre necessárias, independentemente das inovações em processos ou tecnologia. 

Escuta ativa, comunicação eficaz e liderança são habilidades pessoais muito requisitadas e necessárias nas organizações. Os membros da equipe que conseguirem se comunicar com eficácia, apresentando habilidades como essas, certamente terão comportamentos muito diferenciados no local de trabalho. 

Por isso, as soft skills têm ganhado cada vez mais espaço nas avaliações de candidatos e no desenvolvimento de competências. Com elas, é possível diminuir os conflitos no ambiente de trabalho, aumentar a confiança dos profissionais, motivá-los e assim alcançar uma melhor retenção dos colaboradores, fator que diminui a taxa de rotatividade.

Outras soft skills essenciais são respeito, compaixão e empatia: uma equipe pode demonstrar hard skills perfeitas, mas sem a capacidade de cooperar e trabalhar em conjunto. Com isso, essas competências técnicas serão perdidas em meio a um clima de mal-entendidos e frustrações. 

Como funciona o cérebro humano para aprender?

Onde exatamente no cérebro ocorre o desenvolvimento de soft skills? Para iniciantes, no sistema comportamental. É aqui que adquirimos uma compreensão do nosso comportamento e dos outros e desenvolvemos nossas habilidades interpessoais. No entanto, isso é apenas parte de um todo. 

Um líder pode conhecer as características da comunicação eficaz e pode até ter um forte repertório comportamental, mas se ele ou ela não tiver inteligência emocional suficiente, a comunicação genuína nunca poderá realmente ocorrer. As qualidades que realmente estão no cerne das soft skills são a consciência e a sensibilidade. Colocar-nos no lugar do outro constrói as habilidades pessoais, e esse fenômeno ocorre na amígdala e em outras estruturas límbicas do cérebro.

Embora ainda não saibamos em detalhes como o sistema emocional funciona, uma coisa é clara: o sistema emocional influencia fortemente os sistemas cognitivo e comportamental. Dado que o aprendizado de hard skills está intimamente ligado ao aprendizado de soft skills, por que o treinamento de soft skills geralmente é tão ineficaz?

Quais são os fatores que influenciam no processo de aprendizagem?

O microlearning, caracterizado por curtas doses de aprendizado, revolucionou o setor de T&D. Quando combinado com testes e momentos de reciclagem, espaçados ao longo do tempo, é capaz de transformar a memória de curto prazo em memória de longo prazo. Isso é ótimo para envolver o sistema de aprendizado cognitivo e desenvolver habilidades técnicas. No entanto, não é tão bom para o desenvolvimento de soft skills e da consciência situacional, podendo até ser prejudicial.

A dificuldade é que o aprendizado de habilidades comportamentais requer uma abordagem mais diferenciada, que se concentre no treinamento de vários comportamentos em diversos ambientes. Para induzir mudanças comportamentais a longo prazo, as pessoas precisam ser treinadas para pensar individualmente. Isso só pode acontecer em situações em que há aleatoriedade e incerteza sobre o que está por vir. 

Uma pessoa toma consciência de uma situação e decide como se comportar em questão de segundos. O microlearning não permite que os alunos reajam rapidamente em um ambiente multifacetado, pois se concentra em um tópico, o treina, depois se concentra em outro e assim por diante.

Como as habilidades das pessoas e a consciência situacional são desenvolvidas pelos sistemas de aprendizado comportamental e emocional no cérebro, suas características de processamento não se alinham às técnicas de micro-aprendizado.

Neurociência da aprendizagem na criação de treinamentos impactantes 

Soft skills são os alicerces do sucesso corporativo. Elas sempre serão necessárias, não importa como os tempos mudem e possam influenciar a eficácia com que as hard skills são colocadas em prática. Por isso, elas não são mais opcionais. Afinal, elas funcionam como uma das principais chaves para o desenvolvimento e progresso de uma organização. Ao equilibrá-las com as competências técnicas, os resultados podem ser muito surpreendentes e satisfatórios.

No entanto, não podemos aplicar ao aprendizado de soft skills a mesma abordagem que aplicamos ao aprendizado de hard skills. A maneira como interagimos e nos comunicamos com os outros e percebemos as situações, é muito sutil. Portanto, precisamos de uma solução específica de aprendizado onde possamos: